segunda-feira, 16 de abril de 2012

Reafashion -2012

Moda e Modelagem Ergonômica para Pessoas Portadoras de Necessidades Especiais.


“Respeitável Público”....

A Feira Internacional de Tecnologia em Reabilitação e Inclusão, apresenta o ReaFashion que está em festa!

Isto porque neste ano o Reafashion completa 10 anos de existência e, para comemorar esta edição tão especial, que marca um crescimento significativo e uma participação social cada vez mais marcante, Fátima Grave foi buscar inspiração para o desenvolvimento de peças ergonômicas no encantado mundo lúdico do circo, trazendo ao centro do picadeiro uma coleção mix denominada “O Grande Espetáculo”. Tal coleção apresentará roupas modeladas dentro das mais modernas técnicas ergonômicas para cada categoria de deficiência em especial, atendendo um maior número de Pessoas Portadoras de Necessidades Especiais.

Fátima Grave é professora e pesquisadora na área de Modelagem Ergonômica junto à Fundação Selma e doutoranda pela Universidade do Minho, em Portugal e, depois de uma década de trabalho dedicado à pesquisa e inovação, obteve reconhecimento internacional ao ser convidada a participar do I Fórum Internacional de Deficiência Social, realizado em fevereiro último em Braga - Portugal. A publicação de seus livros - “A Modelagem sob a ótica da ergonomia” , “A Moda-vestuário ergonomia do Hemiplégico” e as várias apresentações em passarela ao longo dos anos reforçam este merecido reconhecimento.

Este ano, ela conta com o apoio da Prefeitura de Santo André (CAD – Centro de Atendimento ao Deficiente), como também da Fundação Selma, da empresa de produtos desportivos Decathlon, da Consultoria em Engenharia Poliengh, do Sr James Hosoume da Odontologia Estética, Implante e Prótese, da Carreira Fashion e Eklas Produções. O desfile acontecerá dia 15 de abril, às 12 horas, no Pavilhão Imigrantes, da Via Imigrantes 1,5 km - São Paulo.

Para finalizar em grande estilo, contaremos com a participação do grupo de teatro Ato:A e também com a presença Global do ator- modelo Ricardo Cicciliano.

Não perca!

Para maiores informações, favor entrar em contato com Thaís através do e-mail thaisberaldo@gmail.com

"O circo é o único lugar do mundo onde se pode sonhar de olhos abertos."

(Ernest Hemingway, 1899-1961)

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

REPORTAGEM USE FASHION

REPORTAGEM DA REVISTA USE FASHION DO MÊS DE NOVEMBRO


segunda-feira, 4 de julho de 2011

Entrevista com Maria de Fátima Grave, estilista que participou da IV Semana de Moda da Estácio em Juiz de Fora

“Fazer roupa para uma pessoa que tem o corpo diferenciado não é uma necessidade e sim uma obrigação”







"Deve-se observar onde está o mercado: de repente, ele está tão perto da pessoa e ela não consegue enxergar", - Maria de Fátima Grave.




Com um vasto currículo, Maria de Fátima Grave é pesquisadora de modelagem ergonômica e faz desfiles em parceria com a Fundação Selma (Centro de Reabilitação Física e Social, de São Paulo), entre outros trabalhos. Ela participou da palestra “Moda inclusiva: enxergando a importância da modelagem com ergonomia”, que abriu a IV Semana de Moda da Faculdade Estácio de Sá de Juiz de Fora (FESJF). Em entrevista à Agência Experimental de Jornalismo, Maria de Fátima falou sobre a atuação do profissional da moda nesse campo recente de pesquisa, sua participação no I Congresso Internacional sobre Deficiência em Braga (Portugal), em 2010, e como os estudantes de moda devem enxergar esse mercado.




A modelagem ergonômica é um mercado interessante para os estudantes do curso de Design de Moda?
É interessante sim e pode ser comparado ao cuidado ecológico, porque do mesmo jeito que precisamos plantar árvores e cuidar do planeta, é necessário também cuidar de quem vive no planeta. Estamos num país que não consegue dar conta da segurança, por isso percebemos que o caos já está implantado aqui. Então pelo menos temos que gerar bem-estar nas pessoas. Fazer roupa para uma pessoa que tem o corpo diferenciado não é uma necessidade e, sim, uma obrigação. É um fato que o número de deficientes está aumentando cada vez mais, que os acidentes de moto e as “balas perdidas” estão cada vez mais frequentes, então temos que prestar atenção nesse consumidor. Não devemos tratá-lo de maneira diferenciada, mas com igualdade de direito.




Qual a importância de trazer esse assunto para o meio acadêmico?
Temos que tirar um pouco a visão de glamour e mostrar que não é apenas no fashion que o encontramos. Porque o fashion e o glamour estão em toda a parte. Uma pessoa que possui alguma necessidade especial é glamourosa e se dermos condições, ela pode se sentir dessa forma. Se essa pessoa for numa loja e conseguir comprar uma roupa adequada para o seu corpo ela vai se sentir glamourosa. É lógico que o estudante quer ganhar dinheiro futuramente, só que ele deve olhar vários mercados. Não deve dizer, por exemplo, “eu só vou criar moda para os manequins 36,38 e 40, para mulheres que são esguias e fazem implante de mama”. Deve-se observar onde está o mercado: de repente, ele está tão perto da pessoa e ela não consegue enxergar. Se todos começarem a olhar a moda e o diferencial das roupas, não têm como escapar de colocar isso em prática. Se não começarmos a formar academicamente especialistas nisso também, não teremos profissionais que darão segurança na roupa que um deficiente possa comprar. Do mesmo jeito que estamos ajudando o estudante a desenvolver o seu pensamento criativo, temos que mostrar para ele que existem outros caminhos, porque somos educadores.




Como são utilizadas as tecnologias nas suas pesquisas?
Tem coisas que até agora pensamos um pouco para aplicar. Por exemplo, temos que saber a faixa etária do indivíduo para ver se encaixa determinado tecido tecnológico com o que ele precisa, porque às vezes a pessoa tem muita barriga e precisa de um tecido que não mostre muito. Nesse caso, preciso encontrar um tecido que tenha um caimento bom. Precisamos realizar trabalhos de pesquisas para encontrar o tecido certo para cada situação. Outro exemplo seria o caso de um tetraplégico: podemos utilizar uma roupa que tenha uma parte impermeável, porque ele pode “babar” ao se alimentar ou derrubar alguma coisa na roupa. Um fecho que já utilizei, por exemplo, pode ser aberto tanto com a mão direita, como com a esquerda. O deficiente não vive só de velcro, porque se ele ficar sobre uma parte do corpo que não tem sensibilidade a pessoa pode desenvolver uma alergia no local e machucar a pele sem sentir e acaba se tornando outro problema. Em determinados casos utilizamos o velcro, mas em outros pode prejudicar a pessoa, então optamos pelo fecho tecnológico. Por isso, quando criamos um modelo, devemos pensar a quem ele se direciona e quais os aviamentos e acessórios que essa pessoa poderia usar.




Como é a aceitação dos deficientes com relação às suas pesquisas?
Eu normalmente faço os desfiles e dou as roupas para aqueles que desfilam e eles gostam muito, porque temos o cuidado de fazer as roupas para aquela sequela patológica ou para o problema que ele tem. Há 14 anos faço esse trabalho, e ao longo desse período eu acompanhei cada pessoa envolvida, como é o cotidiano, o que frequenta e o que espera. Busco oferecer uma roupa participativa, que é única coisa que procuram. Elas [as pessoas com deficiência] querem estar inseridas no seu grupo, não querem ser diferentes e é isso que nós proporcionamos. Outra preocupação é fornecer uma modelagem que não mostre a deficiência e que seja atual.




Quais são os gargalos para operacionalizar uma produção de peças para esse público?
Nós estamos buscando uma empresa que queira inovar a coleção abrindo um leque para os portadores de deficiência. Ela deve ter um espaço para a realização desse trabalho, porque a pessoa que entra no local tem que se sentir inserida no mesmo ambiente dos demais. Nós acreditamos que isso é inclusão. Se a mulher está grávida, deve ter um setor específico para procurar o que necessita e se uma pessoa é deficiente, também. Enquanto não fizermos isso, nosso objetivo não será atingido, por isso estamos trabalhando para formatar esse pensamento nos empresários.




Como foi a sua participação no I Congresso Internacional sobre Deficiência em Braga (Portugal)?
Eles começaram pesquisas nessa área há 7 anos e estão especializados em roupa para cadeirantes. No congresso, foram discutidos assuntos sobre tudo o que diz respeito aos deficientes, como as leis internacionais, os direitos do cidadão, a questão da medicina social, como é visto o esporte praticado pelos deficientes. Foi muito interessante a junção das diversas áreas que abrangem esse tema. Com relação à moda, havia representantes da Europa também, mas eles me convidaram porque eu já realizava esse trabalho há muitos anos aqui no Brasil. Fui apresentar um outro lado da moda para deficientes, como a paralisia, entre outros.




Qual a importância de receber um prêmio jornalístico (“Mulheres em destaque” – categoria moda (2007)?
É muito importante devido às dificuldades e a pouca valorização que encontramos nesse país. Dessa forma, sabemos que existe um grupo que avalia e seleciona os profissionais, e dizem para todos que nosso trabalho é digno de ser reconhecido. Com isso, eu me sinto uma pessoa digna pelo que faço e o convite para o congresso na Europa também. Porque, com tanto tempo pesquisando, em algum momento eu teria que deixar de ser idealista e mostrar o resultado para que as pessoas também pudessem tomar conhecimento das minhas experiências. Quando ganhei o prêmio, muitas pessoas me perguntaram porque eu realizava esse trabalho. Respondia dizendo que gostava e que sempre tive o desejo de fazer algo que não era tão comum.




Você acredita que a novela “Viver a Vida” contribuiu para divulgar de forma positiva esse trabalho?
Todos percebem que contribuiu, afinal de contas a emissora atinge muitas pessoas – apesar de ter um pouco de ilusão, porque as coisas não acontecem tão rápido como se passou. Eu acompanho esses deficientes que ficam de cadeira de rodas e percebo que a aceitação é difícil. Por ser novela, tem que sensibilizar o público através de fatores românticos. Quando passou essa novela, eu conversei com alguns pacientes da Fundação Selma a respeito do enredo, e a mãe de um deles falou para mim que ela estava muito romântica. Lógico que traz benefícios, mas ainda não temos um público com o discernimento necessário para saber que as coisas não acontecem da maneira romântica que é mostrada.








Agência Experimental de Jornalismo
Jornalista Responsável: Profª. Izaura Rocha
Texto e foto: Janslúcia Renk – 8º período de Jornalismo